O sedentarismo tem sido um grande problema comprometendo a qualidade de vida de grande parte da população idosa. O envelhecimento gera processos degenerativos de força e perda de massa muscular diminuindo gradativamente suas habilidades funcionais e tornando o idoso cada vez mais dependente, isso é inerente ao envelhecimento. Com os exercícios de treinamento de força para idosos podemos minimizar essas perdas e até reverter quadros de sarcopenia trazendo assim melhora da mobilidade, força e autonomia nas atividades de vida diária dos idosos. De fato, é de grande importância obter informações a respeito do treinamento de força e seus benefícios na redução da sarcopenia e a melhora das capacidades funcionais dos idosos oferecendo-lhes vida saudável e autônoma.
O termo idoso se refere a pessoas acima de 65 anos em países desenvolvidos e acima de 60 anos em países em desenvolvimento. No Brasil, considera-se idoso o indivíduo com mais de 60 anos. O envelhecimento é um processo natural ao qual todo ser humano passará, diante desse processo, os estudiosos afirmam que um programa de treinamento de força planejado adequadamente pode resultar em aumentos significativos na massa muscular, na hipertrofia das fibras musculares, na densidade mineral óssea e melhora no desempenho relacionado à força e capacidade funcional. O treinamento de força pode ser considerado como sendo a prevenção primária ou um tratamento estratégico na batalha contra a sarcopenia podendo torná-la reversível e potencialmente evitável.
Há vários estudos científicos sobre os benefícios do treinamento de força para pessoas acima de 60 anos de idade, esses estudos mostram que os idosos podem ser treinados de forma segura com exercícios de pesos podendo obter ganhos de força muscular com melhoria da saúde e da capacidade funcional, obtendo mais qualidade de vida e autonomia.
CONCEITO DE SARCOPENIA
O termo sarcopenia vem do grego “sark” (carne) mais “penia” (perda) significando “perda de carne. Ou seja, trata-se da perda de músculo esquelético e juntamente perda da força, diminuição no comprimento, elasticidade e número de fibras. Esta perda contribui ainda para outras alterações como a diminuição da densidade óssea, menor sensibilidade à insulina, menor capacidade aeróbia, menor taxa no metabolismo de repouso e menores níveis na funcionalidade das atividades físicas diárias.
Através do envelhecimento e da inatividade física há um maior declínio fisiológico provocando diminuição da massa e força muscular aumentando a gordura subcutânea e intramuscular resultando na sarcopenia.
Segundo estudos epidemiológicos, vários fatores contribuem para o desenvolvimento da sarcopenia como alterações hormonais, perda de motoneurônios, nutrição inadequada, inatividade física e baixo grau de inflamação crônica, essas alterações ocorrem até mesmo em indivíduos saudáveis e fisicamente ativos.
O sistema neuromuscular humano tem sua maturação entre 20 e 30 anos de idade e pode permanecer estável e com redução pouco significativa até os 40 anos. Por volta dos 60 a força máxima muscular pode cair até 30% o que corresponde a uma perda de força de cerca de 6% por década dos 40 aos 60 anos e a partir daí, 10% por década. O exercício físico regular melhora a força, a massa muscular e a flexibilidade articular em indivíduos acima de 50 anos.
A perda de força afeta os músculos superiores e inferiores, sendo mais acentuada nos músculos inferiores e na musculatura de sustentação do peso corporal. Esse aumento da sarcopenia, interferem nas atividades de vida diária do idoso ocasionando aumento da incidência de quedas, fraturas, incapacidade, dependência, mortalidade, perda de peso recente, auto relato de fadiga e redução da atividade física. As quedas são vistas como a principal causa de lesões, incapacidades funcionais, hospitalizações e óbitos, a prática de exercícios de força são fatores de proteção para a manutenção da mesma e com isso os exercícios podem prevenir, diminuir e até mesmo reverter o quadro de sarcopenia. A adaptação estrutural dos idosos com a prática do treinamento de força é semelhante à de indivíduos jovens, porém com magnitude e tolerância menores. Podemos destacar algumas dessas adaptações como o aumento do VO2 máximo; benefícios circulatórios periféricos; aumento da massa muscular; melhor controle da glicemia; melhora do perfil lipídico; redução do peso corporal; melhor controle da pressão arterial de repouso; melhora da função pulmonar; melhora do equilíbrio e da marcha; menor dependência para realização de atividades diárias; melhora da autoestima e da autoconfiança; significativa melhora da qualidade de vida.
Os exercícios para idosos devem incluir treinamento de equilíbrio, caminhadas e exercícios de força esses exercícios ajudam a prevenir e reduzir o risco de quedas e fraturas, doenças crônicas não transmissíveis, aumento da longevidade, prevenção de declínios cognitivos, mesmo tendo iniciado a prática após a sexta década de vida. Ao considerar as alterações funcionais e estruturais da população idosa salienta-se que a realização de treinamento de força promove benefícios físicos, com impacto positivo sobre a resistência física e funcional dos idosos.
De fato os estudos têm mostrado que a prática regular de exercícios físicos, principalmente o treinamento de força, é um dos determinantes da manutenção adequada da função física em idosos, sendo considerada medida preventiva para as alterações musculares que ocorrem no processo do envelhecimento, uma vez que seus benefícios e efeitos aplicam-se à maioria dos indivíduos, independentemente do seu estado de saúde. Neste contexto, o treinamento de força constitui um importante mecanismo, tanto para a prevenção de perda de massa e força muscular quanto para o ganho ou manutenção da mesma, desempenhando um importante papel na manutenção da capacidade funcional do idoso.
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